quinta-feira, maio 27, 2010

Diários de uma recepcionista III

Hoje estou farta. Hoje estou farta deste emprego, destas pessoas e acima de tudo de que achem que tenho sempre um plano maquiavélico no meu subconsciente que vai destruir esta empresa tão bem construída sobre os ombros dos empregados. Hoje estou farta de estar completamente isolada num quadradinho, no meio de uma sala, onde, apesar de haver sorrisos, são fracamente esboçados, os bons dias não são sentidos e eu não sinto particular afinidade com ninguém. Hoje estou farta de sentir saudades dos meus miúdos, da minha fotografia e de não poder sorrir inocentemente com coisas que se poderiam passar, e que não passam, infelizmente na minha vida. Hoje cansei-me do meu quadradinho e cansei-me de estar aqui, provavelmente é daquelas minhas coisas, que eu me canso e amanhã, já depois do descanso, já estou pronta a ficar cansada novamente. Mas efectivamente, hoje, estou fartinha deste meu quadradinho, das pessoas me interpretarem mal, de não me quererem conhecer e de não se preocuparem com o que eu posso ter querido dizer com frase x ou y. Hoje cansei-me dos erros dos outros serem tomados como os meus, de levar raspanetes que não mereço e que não me são dirigidos. Hoje estou simplesmente farta. Dos carros, da empresa, dos telefonemas e acima de tudo, das crianças. E apetecia-me algo forte, não saltar deste 9º piso mas pelo menos sair porta fora e mandar todos à merda.

Suponho que este seja o sentimento de todos os que trabalham, mas se todos sentem o mesmo, porque agem da mesma forma para que os que o rodeiam se sintam assim mesmo? Enfim.


A música de hoje...

terça-feira, maio 18, 2010

My own hair


my hair has outgrown my wisdom.

Eventualy


Eventually.


Um dia

Um dia... um dia vou acordar bem cedo e mandar à fava tudo e todos. Enterro o meu amor debaixo de uma pedra, mando-te pastar a ti e às tuas incertezas, alugo um quarto, fujo para outro país e começo a vida como fotógrafa freelancer.
Depois acordo, e lá está, esse dia ainda não é hoje.

segunda-feira, maio 17, 2010

Às vezes

Quantas vezes eu não olho para as minhas fotos e revejo a minha imagem e expressão? Quantas vezes eu não corro o facebook, o fotolog e o hi5 só a ver a minha história, os meus sorrisos e os meus momentos passados, onde aparentemente eu era mais feliz?

Pergunto-me se gosto de mim mesma, se gosto desta Raquel que me tornei, tão menos independente e tão mais apática em relação ao que quero para mim mesma e ao que considero necessário para me fazer feliz. Pergunto-me se dei demasiado o braço a torcer e se está na hora de ser mais pedinchona, mais necessitada e definitivamente mais importante na minha lista de perioridades...

É um facto que já não me conheço. A força que tinha há uns anos, a chama que me ardia no peito, a vontade que tinha para mudar o mundo, que sentia a 500% no meu peito, sinto agora a uns 200%, que apesar de ser muito de forma alguma se compara à minha força anterior. Para onde foi? Porque fugiu? Devo eu prender-me e conter-me ou devo ser a explosão que era antes?

Às vezes tenho saudades das minhas certezas, da minha força e do meu amor... Às vezes...

domingo, maio 16, 2010

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Ontem desejei nunca ter gostado de ti..

off

Tenho andado meio ausente, mas lembro-me sempre deste espacinho...

sexta-feira, maio 14, 2010

Diários de uma recepcionista II

Não lido bem com separações. Acima de tudo, não lido nada bem com este mundo de adultos que, apesar de ensinarem às crianças que nem tudo é mau, demonstram-lhes isso mesmo tendo determinados pensamentos e atitudes, tão longe dos mais novos. Menos inocentes, sem dúvida, menos esperançosos, com menos vontade e muito (mas muito mesmo) mais desistentes e resignados. Com que idade é que nós deixamos de lutar pelo que acreditamos? Com que idade é que deixamos de ter sonhos e desejos, que mesmo que impossiveis de concretizar, estão tão perto que quase os agarramos com as mãos? Quando é que entramos no "entra-sai-entra" de empresa e deixamos de nos importar com quem vai e com quem veio para ficar? Qual é a idade em que, tudo isso e muito mais acontece?
Com que idade é que te sentas no autocarro, olhas em volta e percebes que és mesmo pequenino, comparado com a grandeza do mundo e dos problemas do teu país? Que olhas em volta e sentes que não estás a fazer a tua parte para melhorar ou piorar, és apenas um igual aos que te rodeiam que nem sabes quem são, nem importa?
Mais um dos pensamentos de trabalho. Preciso de um bom fim de semana, que me encha de força para uma semana nova.. Ah e de sol, se faz favor.

sexta-feira, maio 07, 2010

Diários de uma Recepcionista

"Young and Rubicam Bom dia"

É assim que começo o meu dia ao lado do telefone, que não cessa em tocar, tocar e tocar. Há muito para fazer, muitas almas dependentes de trabalho que aqui se faz, que não desistem enquanto não descobrem uma forma de entrar em contacto com essas mesmas pessoas, esses trabalhadores que tantas vezes os descartam. Ainda assim não consigo deixar passar algumas coisas ao lado, coisas que não compreendo (sinceramente não creio ter sido feita para compreender), ligadas a este mundo de adultos. Uma dessas minhas incertezas e conhecimentos adultos é esta questão dos doutores, dos senhores e dos dons e donas do nosso país. Se trato todos por doutores, uns mais modestos não querem ser apelidados de tal forma, outros não suportam estar num "estatuto mental inferior". Os dons e as donas ficam ofendidos quando não são tratados respeitosamente, mas muitas vezes chamo Don e Dona a pessoas que, tal como eu, de donas não temos nada, e trabalhamos com o ordenado mínimo na mão para empresas que (essas sim!) são nossas donas. Por outro lado, os senhores dizem-me ser uma forma vulgar de tratar alguem, Senhor João, senhor Luís, Senhor Pedro... Não entendo bem porquê, mas deve ser por quando pedimos para ir a casa de banho estar lá estampado na porta a palavra "Senhores" e "Senhoras" (além do típicamente português bonequinho a fazer chichi para o penico). Sinceramente eu dispenso que me tratem por qualquer um desses nomes, por achar que nenhum se aplica à minha realidade. Provavelmente acredito mais em tratar pelo nome próprio e tratar por vós ("Cristina, quer que eu lhe traga alguma coisa do economato?" ou "Luis, importa-se que lhe passe esta chamada") porque considero formal e educado.. e ao menos não nos metemos no meio desta palhaçada de Dons, Doutores e Senhores que sinceramente, mais me parece uma religião por descobrir do que propriamente uma ciência exacta.

Mas provavelmente é como a minha mãe diz: "Isto é um país de doutores e de engenheiros"... mas na verdade ninguém é nem doutor nem engenheiro. Não são donos de nada e nem são senhores das suas acções ou modéstias. No fundo, é só conversa fiada, como eu disse...

quarta-feira, maio 05, 2010

Saber J


Adoro adoro adoro.
Não há forma de esquecer Saber J.