quarta-feira, abril 07, 2010

Minha criança.

Era apenas isso que eu precisava, ver como estavas, como vivias nestes dias. Cheguei e não me tocaste, disseste-me que estavas ao pé da tua mãe e lá ficaste todo o serão. Tentaste dormir mas sempre mal sucedido, como nas noites anteriores. Quanto tempo mais vais aguentar? Comeste "qualquer coisa", viste "qualquer coisa", murmuraste "qualquer coisa". Voltaste para o teu canto e lá ficaste, até sentires o peso da consciência de novo nos olhos que tentavam inutilmente fechar-se. Aproveitei para falar com a tua mãe e para te admirar, ela realmente cuida de ti como ninguém, ela olha por ti como se te fosse perder todos os dias e te quisesse manter perto dela, sempre. Fui contigo para te deitares, alimentei o Ghetto que não entende a tua falta de vontade, vive como se nada se tivesse passado na sua memória de pantera. Deitaste-te e tentei reconfortar-te. Não com palavras, mas com algumas festas para que conseguisse ouvir o teu respirar de sono, o teu respirar diferente de quando adormeces. Ele não veio e por mais que te afagasse o cabelo e o pescoço, por mais calor que te passasse e por mais mimos que desse, nada penetra para esse lugar escuro onde estás. Sei que valorizas o meu regaço mas ele não é suficiente para te tirar do lugarzinho onde te encontras, não é suficiente para te limpar os pensamentos e te fazer desabafar e tirar essa dor enorme que tens no peito. Ainda assim vou continuar sempre que possível a dar-te o meu calor, pode não salvar, mas espero que ajude de alguma forma a ultrapassar. Aos poucos, lentamente, espero sim.

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